Mulher de Vermelho

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Preciso de paixões platônicas para me sentir viva
Preciso conhecer pessoas que me fazem lembrar de como era a vida
Preciso de você me falando de poesia
Preciso de uma folha em branco para os momentos de agonia,
Para quando a cabeça estiver cheia de sonhos e o coração cheio de amarras
Para quando for preciso revolucionar essas pequenas reformas.
Virar o mundo do avesso,
me perder para depois me achar
Chorar para saber amar.
Sair da latência e começar a verbalizar.
(Saber a hora em que tudo deve se acabar?)

O fim é o começo escrito em outras palavras.

Um comentário:

Mariana disse...: parece q sou eu falando.....

perfeito!!!!!!!!!!; 9 de junho de 2009 às 18:45

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Mulher de Vermelho. Por não ser uma 'mulher de azul'.

Perguntavam-lhe porque ela era assim. Porque ela tinha um quê de quem não sabe o que, mas sabe se ter. Era um enigma enguiçado que não se desprendia por nada.
Seria fácil dizer que era assim ou assado. Seria fácil, se não houvessem as reviravoltas, seria fácil se o não-dizer fosse prática, mas a prática era contrária. Dizia o que queria dizer, o que não queriam, o queriam que quisesse, e finalmente, o que queriam. Cada um que ouvia decidia o que queria ouvir.
Vamos dizer que ela era vento. Tocava para um lado, e parava. Tocava para outro. Parava. E quando todos achavam que já sabiam seu destino, ela mudava o rumo. Mudava assim, e não precisaria dar razões. A razão era o próprio rumo. Vento parece não ter razão de ser, mas tem. O vento sempre traz consigo folhas, sementes e sonhos, e talvez por isso ela não fosse tão vento assim. Ela não trazia nada. Era seca. E ao dizer que ela era seca, me lembro de um cacto seco. Seco, na paisagem seca, mas que tem água dentro e sacia. Pode-se dizer então que ela saciava a sede invisível (e insaciável) de fantasmas que lhe agouravam. Se eram fantasmas que viviam num castelo mal assombrado, ela não sabia e nem queria saber; não queria tais pensamentos infantis de menina que cresceu antes da hora e acabou por não crescer.
Coisa que ela gostava era de se gabar. Gabava-se de tudo o que fingia ser. Ah! E como gostava de fingir! Fingia que era boa e que quando queria era ruim. Fingia que era madame boba de apartamentos que ela via no outro bairro da cidade, e também gostava de fingir sabedoria, era bom achar que sabia para que os outros também pudessem achar.
Certas coisas lhe intrigavam de forma quase maçônica. O que ela não entendia era a respeito do peso da vida. Ela via nos outros uma virtude pueril, um sorriso mal elaborado, uma leveza de pluma que ela nem sabia se existia.
Mas para ela a vida pesava. Era um fardo que ela buscava disfarçar.
Buscara durante muito tempo o entendimento cristão e o pagão, a filosofia barata, a metafísica e por fim, a alienação consentida que lhe aliviava, mas era ingrata.
Suas reflexões lhe aprisionavam, e essa era uma relação possessiva. Ela não se permitia desvencilhar ao mesmo tempo em que buscava. E vice-versa. Seus pensamentos tinham vida e por vezes falavam sozinhos. Ela também tinha o costume de falar sozinha. Falavam alto as vozes de seu coração inquieto. Era melhor conversar consigo, pois os outros lhe pareciam perda de tempo, mas mesmo assim ela falava. Falava o vão, no vão para vãos, para esconder que ela também era...