sexta-feira, 5 de junho de 2009

Houve um tempo em que era fácil saber o que era felicidade. A escrita era macia, sem impedimentos, com lamúrias sim, e esta parecia ser a receita para a inspiração, mas havia sonhos ou ao menos esperanças. A vida parecia pesar, mas bem menos do que nestes tempos de apatia, da mão calejada por escritos sem coração. A escrita era simples, por vezes desordenada, e era bonito para muitos, porque parecia bonito também a ela. Não precisava de palavras rebuscadas, e o conhecimento que tinha parecia lhe bastar.
A solidão era uma opção que ela buscava apenas como refúgio, nunca como solução ou obrigação. Havia com quem compartilhar. Não precisava de revisão, tão pouco aclamação, por mais que ela viesse. A vida era mais alegre e um dia de sol poderia ser celebrado com cerveja, sorvete, uma conversa ou um simples olhar, mas, na maioria das vezes, era com tudo e por tudo isso... era poesia, que trazia, na verdade, o que hoje se busca: a vida.
Sem amarras sem vírgula sem pudor sem medir palavras, com muitas palavras, com desordem, com prazer, sem luxúria reprimida, sem solidão e sem a solidão que foi perdida. Sem sentido! Dotada de um sentido que era só seu, e era sentido dentro do peito. Era a vida que ainda sonhava que ela mesmo fosse melhor, sem saber que era dessa esperança que se fazia a felicidade... e a poesia.

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