sábado, 4 de agosto de 2007

É por essas e outras é que eu quero uma máquina de escrever, sabe?

É que sempre fico aqui presa a todas essas cores, pareço uma criança. Que de criança sei que já não há quase nada, a não ser pela vontade de chorar quando as coisas não vão bem, a não ser pelo medo sempre presente daquilo que é novo e, ao mesmo tempo, a vontade de conhecer.

É por essas e outras que meu saudosismo sempre vem de encontro ao meu profundo pesar por não viver. Por aquela coisa que sempre digo, de tudo o que escorre entre os dedos.

É que hoje pela manhã, e também já não me lembro se já era tarde, pensei em um monte de coisas, sabe? Daquelas que se diz e estufa o peito. Pensei nas coisas que diria seguindo Gabriel de Britto Velho, ou seria Caio F. Abreu? pensei, enfim, naquilo que me faz me sentir mais mulher, mais eu, mais humana, o que me faz pulsar, ou ter a sensação de.

Mas acontece que nessas horas fica tudo muito nebuloso, tudo muito vago e eu só começo a pensar sobre quadros, cinema, música e o que mais eu posso pensar para voltar a sentir o que queria ter sentido.

Sentido: é essa a busca.

E vai ver que no fundo eu nem acredito muito nessa coisa de busca, mas a gente sempre vai buscando; buscando um não sei o quê que a gente acha que está escondido, mas vem fulano e diz que não está, e vem fulano que te mostra aquele livro, o outro que lhe fala de religião, outro que vem falar de política e, ah! A política!

É que no fundo tudo aquilo que eu estava pensando meio que fugiu, morreu, ou está apenas escondido, junto com as outras coisas que sempre ficam escondidas e eu nem sei se quero achar. Agora quero, depois, já não sei mais.

E o que é mais complicado é quando a gente se dá conta de que o mundo está perdendo o seu encanto, quando começa a olhar para tudo sem tanto entusiasmo e acha tudo muito repetitivo. "Diferente de todas, como todas”, diria um conhecido que queria que fosse amigo meu.

E queria muitas coisas. Ah, como queria! Costumava querer, ao menos.

Queria mesmo era descobrir de onde vem tanto ácido. De onde vem essas respostas bem dadas, esse pensamento rápido e essa crítica nem sempre tão bem elaborada, mas sempre presente.

Acidez que por vezes se torna identidade.

Daí, talvez possa se explicar o beija-flor, que rouba das flores o que é doce apenas para saciar-se, mas que não quer pertencer a nenhuma delas. Este não é o seu mundo.

Nenhum comentário: