segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O Estado Laico de cada dia nos dai hoje

Há quase três anos trabalho no mesmo local e divido o computador da sala com uma outra colega de outro turno, que sempre coloca imagens de santos na área de trabalho. Eu chego, todos os dias, quando ela já foi embora e usou o equipamento para seu serviço, ligo-o de novo, tiro a imagem e começo meu turno de trabalho. No outro dia ela coloca de novo. E assim vamos durante todo esse tempo. Não me incomodo de tirar o santo e colocar o logo da UFG no lugar, mas já me perguntaram “se eu não gostava de santo”. Respondi que “não gosto e nem desgosto, simplesmente não acredito”. E retrucaram: “então, por que você tira?” e expliquei que “como estou em um ambiente de trabalho e, portanto, os equipamentos que utilizo não são meus e sim da instituição, ou seja, trata-se de um computador institucional, creio que, por esse motivo, e por ele ser usado por mais de uma pessoa, ele não deve ser um objeto pessoal, de manifestação de gostos, credos, preferências, religião ou o que for; que o melhor ambiente para isso talvez seja um notebook pessoal ou ainda um computador de casa; que creio que no trabalho devemos entender que os equipamentos são institucionais e, sobretudo, de uso coletivo, mesmo que se trabalhe anos com estes”. Lidei e lido com caras feias até hoje por isso, mas não mudo meu posicionamento. Continuo retirando as imagens de santos do computador de uso coletivo de uma instituição pública e, em tese, laica, e substituindo pelo símbolo da própria instituição (nada mais lógico). E continuo achando que o santo ficaria bem melhor, até mais bonito (pra quem gosta) e com seu real significado e contexto nos objetos de uso pessoal de quem acredita, e não no ambiente de trabalho público. Não quero com isso que pensem (como muitos têm achado ao ler meus posts críticos em meu perfil) que estou atacando alguém. De forma alguma. E não se trata de uma “implicância boba”, como muitos podem argumentar. Trata-se de refletir: estado laico, minha gente, infelizmente, está muito mais longe do que a gente acredita! Não só por leis aprovadas recentemente sobre a “moral e os bons costumes” ou tantas outras atrocidades das bancadas evangélica e católica no Brasil. É preciso que se conscientize e mude pequenas atitudes do dia a dia, como o uso e manifestações em instituições públicas, em equipamentos (como nesse caso), como a cruz nos órgãos públicos e, sobretudo, a falta de respeito e até a falta de disponibilidade para (ao menos) tentar buscar o entendimento dos argumentos daqueles que não acreditam.

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