terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Mea Culpa ou o Manifesto dos Ciumentos (ou ainda: Amor Livre no dos outros é refresco!)

Eu posso ser feminista, comunista, libertária, vegetariana e ateia, mas, eu, como todo mundo, sou limitada e sou, sobretudo, humana. A história de que ciúme é sentimento de posse e muito cristão, que amor livre é legal e relacionamento aberto inevitável à longo prazo me convence na teoria, mas, talvez, eu tenha que ter um pouco mais de 'prática revolucionária' para aprender a lidar com meu próprio ciúme voraz e possessivo. Ou talvez tenham que me convencer de forma mais veemente de que ciúme represente apenas isso. É claro que se um indivíduo mata o outro por isso, é patológico. Mas, qual é o limite do 'normal' e do patológico? Quando saber se você só vai morrer de raiva e chorar sozinha em casa ou querer se vingar? Estamos todos isentos disso? Ou somos todos humanos que podemos sentir todas as emoções, sejam elas alegres, felizes e saltitantes ou de ódio, raiva, vingança e ciúme? Eu tenho ciúme, sim, do meu pai, da minha mãe, do meu namorado, do meu irmão, dos meus amigxs, de cachorro, gato, passarinho, timeline e comentários, dos meus livros, da minha vida, das minhas lembranças, das minhas ideias. Isso quer dizer que sou uma louca que deve ser privada de convivência social? Ou isso significa que eu tenho um sério problema de auto-estima, auto-aceitação e insegurança? Que me comparo o tempo todo com os outros e vivo numa eterna competição comigo mesma? Quem fez isso? Eu? Minhas companhias? Meus livros? A Igreja? O capitalismo? A sociedade? Não sei. E nem sei se, nesse momento, devo responder a essa pergunta – pois, como disse, em teoria, eu já sei e concordo com toda a cartilha de “ninguém aguenta comer só arroz e feijão a vida toda”, “somos seres livres”, “a vida e meu corpo são meus e são uma festa”, etc, etc, etc. - e sim à uma outra: quem deve lidar com isso? E respondo: sobretudo, eu. E quem mais sofre com isso também sou eu. Mas, à bem da verdade, devo dizer: estar em um relacionamento com um ciumento não é só “correr riscos”, brigar ou terminar, mas também, saber reconhecer a dor do outro. Ver que isso o faz sofrer muito mais do que a dor que ele mesmo causa. Que sentir ciúme é ruim demais e, principalmente, para quem o sente. Que o ciumento é, na verdade, um fraco, que necessita de entendimento e até compaixão. Que brigar às vezes só aumenta o próprio ciúme, porque, na “mente doentia” de um ciumento, quem se exalta “tem culpa no cartório”; ou ainda: se está brigando e dizendo que não suporta essa característica dele, é porque de fato pensa em procurar outro. Acredite: a maioria deles sabem que estão errados e precisam de ajuda. Portanto, mais paciência – e esconda objetos pontiagudos, rs, rs, brinks - com um ciumento, porque, no fundo, eles também amam. Até demais.

Nenhum comentário: