sexta-feira, 12 de março de 2010

O meu corpo responde com choro
O que outros responderiam com reza
Por conta da metáfora ou da retórica
ficam sempre engasgadas
as verdeiras perguntas que deveriam ser feitas,
as puras verdades que deveriam ser ditas.
Assim como fica preso também este silêncio irrequieto,
esse erro envergonhado,
este ciúme orgulhoso.
Pois esse ciúme que sinto não é de outros,
é ciúme pelo que não sou.

Por conta do excesso ou falta de palavras,
nunca há a expressão exata
- pro que não tem mesmo exatidão -
para as nuvens de poeira que transfiguram o meu olhar sob o mundo.
Falo desta poeira chata que incomoda os olhos,
mas não os fazem chorar.
Apenas incomoda sem doer tanto que te faça tirá-la,
e sem sair para fora em um grito de alívio.
O alívio nunca vem.
O peito já não dói
- se parece mais com um ardor
que vem sem saber de onde
e arde sem dizer o porquê.

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